O QUE VOCÊ SABE SOBRE A SUA VESÍCULA BILIAR?
O fígado produz continuamente a bile, uma substância
cuja função é emulsificar as gorduras da dieta. Como se sabe, gordura e água
não se misturam, a não ser que haja um detergente. A bile é isso: um detergente
para tornar a gordura da dieta solúvel.
Acontece que a demanda por bile não é contínua, e
sim periódica.
Passamos várias horas em jejum (quando não
precisamos de nenhuma bile), e de repente comemos um churrasco - quando
precisamos de GRANDE quantidade de bile. Mas a bile é produzida de forma
contínua pelo fígado.
Como o corpo resolve esse problema?
Entra em cena a vesícula biliar. A bile que é
produzida acumula-se na vesícula. A vesícula, por sua vez, é capaz de
concentrar a bile (absorvendo a água) cerca de 10 vezes. Ou seja, a vesícula
armazena um detergente concentrado. Quando comemos um alimento gorduroso, o
intestino detecta a presença de gordura e secreta um hormônio chamado
colecistoquinina (CCK), que desencadeia imediatamente a contração e esvaziamento
da vesícula biliar, permitindo o correto aproveitamento e digestão da gordura.
Por que as pessoas desenvolvem pedras na vesícula?
Bem, primeiramente, é preciso avaliar a correção da
pergunta: será que todas as pessoas estão sujeitas a este problema?
A resposta é NÃO.
Mas o que acontece quando a vesícula fica com pouco
uso, não por algumas horas, nem por alguns dias, mas por ANOS? É justamente o
que acontece quando se adota uma dieta de baixa gordura.
Isso provoca uma "estase" da bile na
vesícula, isto é, a bile fica parada, acumulando-se na vesícula em velocidade
mais alta do que é usada. E a vesícula faz a sua tarefa de concentrar essa bile
cada vez mais. A bile superconcentrada acaba levando à precipitação dos sais
biliares (o chamado "barro biliar") e, por fim, à formação de
cálculos biliares.
É sabido desde sempre que síndrome metabólica,
diabetes e obesidade estão associados às pedras na vesícula. É impossível não
ponderar sobre o fato de que todas essas doenças são causadas por excesso de
carboidratos refinados!
Basta pensar, por poucos minutos, para concluir que
são diferentes manifestações clínicas de uma mesma disfunção - por isso estão
"associadas".
Ok, mas o que fazer se você acreditou nas diretrizes
e vem se alimentado há anos de acordo com a pirâmide alimentar (60% de
carboidratos ou mais), e em função disso já teve de retirar a vesícula?
Como explicado acima, seu fígado continua fabricando
bile, a diferença é que você não pode dispor de uma grande quantidade de bile
concentrada para digerir uma grande quantidade de gordura de uma só vez. Qual a
solução? Fracionar a gordura em pequenas quantidades durante o dia, e aumentar
a gordura na dieta os poucos, a fim de que seu intestino se acostume.
E se você já tem cálculos na vesícula? Bem, se você
tem cólicas biliares, isso se deve ao fato de que a pedra (ou pedras) está
obstruindo a saída da vesícula. Neste caso, uma refeição gordurosa, ao
desencadear a contração da vesícula, pode desencadear a dor. Embora,
anedoticamente, haja relatos na internet de pessoas que referem que seus
cálculos desapareceram com LCHF, não há literatura científica sobre isso, e é
bem provável que você tenha que remover a vesícula (pois, do contrário, você teria que comer low fat para evitar a dor o que, como vimos, só aumentará o
número de pedras, além de piorar a sua saúde como um todo).
Assim, neste caso, discuta com seu
gastroenterologista (sobre o que fazer com as pedras. Em geral, cálculos
grandes e assintomáticos podem ser deixados em paz. Cálculos pequenos têm o
risco potencial de obstruir as vias biliares e provocar pancreatite biliar, uma
doença muito séria. Assim, em caso de pedras na vesícula, fale com seu médico
sobre as especificidades do seu caso.
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