DECIFRANDO O TRANSTORNO ALIMENTAR!



Assista a qualquer palestra sobre transtorno alimentar e você vai ouvir alguém fazer a referência aos extremos (tanto da anorexia quanto da obesidade) a abusos sexuais.

Mas, honestamente, essa teoria que, mesmo tendo fundamento, porque qualquer relação de abuso gera traumas, não se valida para a grande maioria dos casos.

Nós somos um amontoado de crenças e caos, aonde se faz imperativo aprender a organizar tudo e não achar culpas ou culpados. Só que a gente, ao invés de organizar, usa como justificativa e transforma a verdade de um na verdade do outro.

Sobre essa história de abuso, recebi uma coachee que já havia feito terapias de regressão e hipnose em busca de algo perdido em sua memória que justificasse seu estado. Ela não se lembrava de ter sido abusada sexualmente, mas de tanto ouvir sobre essa relação ela passou a ter certeza que foi uma vítima e que, de alguma forma, bloqueou isso dentro dela.

Não estou diminuindo a gravidade do problema. Estou só querendo explicar que sempre haverá um problema, mas ele pouco importa, porque o que vai mudar a nossa história é o nosso agora. É a forma como eu conduzirei a minha vida de HOJE em diante.

E mais uma vez eu bato na tecla: não é o que aconteceu comigo, mas é o que eu faço com o que aconteceu ou, se eu não sei o que aconteceu, o que eu faço para transformar a realidade instalada da melhor maneira possível.

Buscar as minhas dores no passado pode, de alguma forma, validar o meu estado atual. Mas sejamos honestas, a regra sempre será uma só: faça o que tem que ser feito e, como diz o Ítalo Marsili, seja forte e não enche o saco.

Quantas vezes encontramos pessoas procurando por doenças para justificar seu autoabandono? Isso é mais comum que possa parecer, afinal, ninguém vai cobrar que uma pessoa doente seja magra, ou que ela faça atividade física, ou que estude, ou que se case, ou qualquer outra coisa; porque ter saúde é um valor importante em qualquer esfera social e está acima de qualquer outro.

E já que ser doente é um bom álibi, os nossos pensamentos se convergem para a procura por uma doença que nos justifique (e não se assuste, mas muitas doenças são até inventadas como recurso). Porque convenhamos: é muito mais simples ser vítima que assumirmos a nossa responsabilidade de seguir a diante.

No caso do emagrecimento: tireoide, metabolismo lento, hormônios bagunçados estão entre as top 10 das doenças preferidas como desculpa.
E não que sejam doenças psicossomáticas, não, são reais, afetam sim; mas não a ponto de impedir que haja emagrecimento. Entretanto, diante desse alvará, a pessoa passa a não fazer o que deve ser feito. Essa é a grande questão.

Quer mais?

“Insônia engorda, dizem os novos estudos sobre a obesidade.”

No dia que eu li isso respirei aliviada e quase arranquei a página da revista para andar com ela na bolsa. Eu estava vivendo um período conturbado e tinha insônia diariamente. Mas ao invés de tratar a insônia, usei-a até o limite para justificar meu excesso de peso.

E teve mais...

Noutra fase da minha vida, na grande saga em busca de um endócrino que me receitasse remédios para emagrecer (porque definitivamente, dietas não resolviam o meu caso), um deles encontrou nódulos importantes na minha tireoide. Adivinha o que eu fiz? Chorei, claro, mas fui além, comecei a comer ainda mais justificando o ato como ansiedade pela espera dos resultados dos exames.

Engraçado é que se era um problema de saúde, porque justificar tudo envenenando o meu corpo.

É assim que a gente faz o tempo todo: se justifica!

E sabe o que mais eu descobri nessa jornada? Descobri que de alguma forma cresci associando certos hábitos alimentares a poder.

Estranho? Nem tanto.

Na minha época de infância e juventude não havia essa variedade de marcas e ofertas que temos hoje. Claro que tinham restaurantes com a pizza do domingo, os trailers de sanduiches, mas tudo isso era festivo, era para dias especiais. Assim como bolo com cobertura e refrigerantes... Então, na minha cabeça, quem comia isso era mais feliz e se isso custava caro e não era para todo dia, então, quem podia comer quando quisesse era alguém rico...

Parece loucura?

E é!

A nossa mente transforma a vida em caos baseada em crenças e conceitos de escassez.

Aliás, nós trabalhamos muito mais a escassez que a prosperidade.

Essa escassez de que tanto fala a economia nos perturba o tempo todo. 

Ninguém gosta da ideia de privação.

E eu lembrei agora de um comercial da Coca-Cola onde um senhor estava estocando litros e litros do refrigerante alegando que fulano viria, que beltrano também, que era melhor ter a mais para não faltar, você se lembra? Ele tinha um cômodo inteiro de Coca-Cola.

É claro, não era uma casinha humilde, não era um senhorzinho com cara de doente e não era um evento qualquer: era festa. Foi assim, com mensagens subliminares de alegria, poder, festividade que a Coca-Cola se tornou a rainha dos refrigerantes.

É assim que, todos os dias, trabalhamos as nossas conexões. E a partir delas adiamos tudo o que “dá trabalho”, ou que não é “gostoso”, ou que nos “cansa”...

E a sensação é a de estarmos sempre no saldo negativo.

Diz uma coisa, você já viu sua conta no vermelho? A sensação é péssima, eu diria até que é de fracasso.

Agora pode parecer loucura, mas a maioria das pessoas que se encontram nessa situação sente mais impulso de gastar. Parece que elas têm a necessidade de camuflar a realidade. De dizer para si mesmas: eu posso.

É assim quando estamos acima do peso. Essa conta no vermelho nos impulsiona a comer cada vez mais. E sabe por quê?

Porque tanto para economizar dinheiro quanto para emagrecer a gente se prende ao princípio da escassez que, não por acaso, nos dá sensação de privação e de limite.

Mas então, o que fazer?

Ora, jogar no outro time. Virar o jogo. Entender o que aconteceu e tirar uma lição, aprender.

Se eu gasto mais do que eu ganho, há algo errado e eu preciso achar uma solução, não gastar ainda mais.

Se eu estou acima do peso, a mesma coisa.

Entretanto, não dá para virar o jogo apenas analisando e criando estratégias, temos que entrar em campo. Pra isso precisamos enxergar os benefícios, a contrapartida: o que eu ganho e o que eu perco.

Seja mais estrategista e aja mais. Faça uma faxina nos seus preconceitos. Simplifique sua mente. Revitalize-a.

E independente do que tenha te acontecido, transforme-se.

Você é uma pessoa incrível e pode fazer coisas incríveis sendo quem é. Mas por favor, não queira se comparar e nem queira pular etapas: é um dia de cada vez, um passo depois do outro – até que sua conta, finalmente, vai para o azul e você entende que vale a pena fazer o que é certo.

Ah, só mais uma coisa: todo mundo erra, isso não é o fim e um erro não define quem você é.

Basta continuar a fazer o certo depois!







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