LIGUE O FODA-SE!


ESTÁ COMPROVADO: FALAR PALAVRÃO FAZ BEM PARA A SUA SAÚDE!

Fui uma criança que nem gíria falava. Adolescente, passei a arriscar coisas como: massa, fera e mais uma dúzia de gírias que, timidamente, eram incluídas aos meus diálogos – porque eu carregava a crença de que não era de bom tom usar palavras tão populares.

Mas o “Filho da Puta” dito em momentos de êxtase durante uma briga ou até mesmo para mostrar a minha indignação contra um juiz durante um jogo, por exemplo, era aceitável – mas ai de mim se a minha mãe estivesse perto, o olhar dela logo me fuzilava.

De repente, já adulta, comecei a conviver com um carioca desbocado por natureza. Acontece que ele era um gênio, um crânio, dessas pessoas inteligentíssimas e que sabia como ninguém desligar o profissional do pessoal. E ele era o palavrão em pessoa. E o mais incrível é que não era ofensivo.

Ele mandava você se FUDER e eu você escutava: VAI TOMAR BANHO NA SODA – porque pra ele palavrão dito assim, socialmente, era apenas uma maneira de se expressar com mais emoção, sem ofensas, apenas intensidade.

E houve um período em que eu não entendia muito bem essa divisão, esse desprendimento e por vezes, ao incorporar palavras de baixo calão em certos diálogos à ideia central era realmente de ofender. E eu me senti mal por isso...

Foi uma época em que minha religiosidade estava conturbada, aonde eu julgava muito e, de certa forma, me posicionava de forma errada diante das crises de convivência. Sabe aquela história em que pessoas com poucos argumentos são agressivas? Pois é, eu era verbalmente agressiva, mas não por ser essa a minha personalidade, mas sim, por estar mal resolvida internamente. E foi então que, durante uma conversa com Deus, eu resolvi que não falaria mais palavrões.

O tempo passou, o Carlos André e a família foram para longe, as pessoas do meu convívio pouco ou quase nunca falavam palavrões e, de repente, num processo de autodescoberta eu me vi ali: soltando um FODA-SE.

Só que esse FODA-SE não era algo ofensivo, não era dito a torto e a direito, era uma forma de extravasar, de dizer: DANE-SE, isso não me atinge mais.

Porque enquanto eu engolia as palavras ou as despejava verborragicamente como vômito de uma emoção mal digerida, eu tanto ofendia quanto era ofendida por elas – porque ia contra os meus princípios dizê-las sem pretensão, da mesma forma como não dizê-las denotava apenas uma maneira estúpida de me sentir superior aos que as proferiam.

Eu sei que é difícil esse processo e sei que não é para todos. Mas sabe àquela hora em que você bate o dedo mindinho na quina de uma mesa e grita (...), pois eu te garanto que se você soltar um palavrão até a sua dor vai parecer menor.

Olha o que dizem os estudos.

Soltar um palavrão te auxilia a lidar com a dor. Sabe quando você toma uma injeção de Benzetacil e, instantaneamente, a dor e a raiva tomam conta do seu cérebro? Um estudo realizado pela Keele University, no Reino Unido, e publicado no periódico Journal of Pain mostrou que podemos suportar melhor a dor quando soltamos palavrões. De acordo com os cientistas, ao xingarmos, mandamos uma mensagem à amígdala do cérebro. Essa reação emocional e física dá energia para você conseguir superar uma tarefa dolorosa.

E pasmem, melhora até mesmo o rendimento do seu treino.

E eu te pergunto: quando você xinga mentalmente quando tem de fazer um exercício que odeia? Se não xinga nem mentalmente é melhor repensar, mas se xinga mentalmente, é melhor colocar isso para fora. Um estudo publicado no periódico Psychology of Sports and Exercise descobriu que xingar verbalmente aumenta a força em 8% a performance no treino. Porque ao xingar você distrai sua atenção, o que faz com que se esforce mais do que quando está em silêncio.

E se ainda precisa de mais argumentos, saiba que ter um bom acervo mental de palavras de baixo calão ajudam você a se expressar melhor.

Um estudo publicado no periódico Language Sciences em 2014 fez um experimento com um grupo de 43 homens e mulheres. Os participantes deveriam dizer quantos palavrões conseguissem em um minuto. Em seguida, eles tiveram que nomear quantos nomes de animais pudessem na mesma quantidade de tempo. Os pesquisadores descobriram que quanto mais curiosos os palavrões que um participante conseguisse gerar, mais vocabulário ele tinha. Segundo os cientistas, ter um vocabulário expansivo de palavras tabu significa que a pessoa é mais capaz de se expressar de forma detalhada.

Além do mais, essas palavras *#@*¨% podem te ajudar a ser mais racional.
Se você quer agir menos com o coração e mais com a cabeça, melhor falar uns palavrõezinhos aqui e ali. Cientistas da Universidade da Califórnia observaram estudantes universitários para determinar como a raiva impacta o pensamento e a tomada de decisões. O resultado mostrou que sentir ódio e xingar tornaram os alunos mais racionais e analíticos. É como se suas ações induzidas pela raiva fossem tomadas com a "mente mais aberta" do que o normal.

E, mesmo que pareça contraditório, dizer certas palavras te faz parecer alguém mais confiável.

Algumas pessoas podem se assustar com seus xingamentos, mas eles apenas fazem você parecer mais genuína em seus círculos sociais. Afinal, querendo ou não, falar palavrão é uma forma de expressão. Um estudo publicado no periódico Social Psychological and Personality Science revela que xingar tem relação com sentimentos e emoções genuínas nas interações sociais. Ao soltar o verbo, você é visto pelas outras pessoas como alguém verdadeiro.
Então, ligue o FODA-SE para tudo o que não te faz bem e solte o verbo para mostrar ao mundo que você é UM MULHERÃO DA PORRA e que vai lutar com unhas e dentes pelo direito de conquistar o seu espaço e os seus sonhos.


Foto: Pedro Leal Foto

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